Verão de 1995
VERÃO DE 1995 “Irmão Harry, convido‐o para uma pequena diversão. Somente para loucos. A entrada custa a razão. Está disposto?” Herman Hesse, O Lobo da Estepe Era uma noite quente do verão de 1995. O vento que vinha do mar atravessava o ambiente fazendo flutuar as...
read moreLiturgia
LITURGIA “O mundo digital é limitado e monótono, apesar da aparente abundância de escolhas que ele nos oferece.” Thomas repete a frase para si mesmo diversas vezes, olha pela janela e vê que lá fora cai uma chuva muito forte. Ao seu lado os pingos escorrem pelos...
read moreA Entrega do CD
A ENTREGA DO CD Durante todo o tempo em que olhamos para a capa e o prefácio do livro, o silêncio foi absoluto. Pensei mesmo em afivelar o meu cinto de segurança antes de continuar a conversa, mas não houve tempo, pois Thomas não me deu trégua. Após dissertar por um...
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CAMINHO Terminada a liturgia da preparação para a grande noite, Thomas parte para o local da exibição em seu próprio carro. Coloca um disco no CD player e desce a Rua Augusta, a mesma da noite onde tudo começou no livro anterior. Era como se a história se repetisse....
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SHOW Quando chegou ao local o evento já tinha iniciado, e para se misturar com o povo Thomas entrou pelo mesmo lugar dos convidados não especiais. Ao entrar no recinto as pessoas eram totalmente orientadas por setas, mas acabavam envolvidos por elas e se perdiam. A...
read moreA Mesa da Mandala
A MESA DA MANDALA Quando descíamos do deck Roberta estava no celular, fez sinal para Thomas esperar, gesticulou que precisava conversar. Ele manda beijos, gesticula de volta informando que falará com ela no dia seguinte, e vai embora. Quando me aproximo dela explico...
read moreGreat Balls
GREAT BALLS Teto baixo, cabeça alta, astral mais alto ainda pelo sucesso do espetáculo, Thomas entra no Great Balls acompanhado de Fernanda. O Balls não é apenas um simples Cyber Café, faz parte do comportamento e da vida de um grande grupo de amigos. Thomas aponta...
read moreDimensão do Sonho
DIMENSÃO DO SONHO Sentado em um canto do Great Balls, copo de uísque vazio, Alex deixa-se envelhecer, lentamente. Sozinho, com os olhos voltados para a dimensão do sonho que aquele ambiente resgata, ele chama o garçom, quando chega Thomas. “E aí, escritor, já sei...
read moreManhã Fresca, Úmida…
MANHÃ FRESCA, ÚMIDA, RECÉM NASCIDA Manhã fresca, úmida, recém-nascida. Abro a janela do quarto e contemplo a grama do jardim ainda molhada, apesar do sol explodindo nos girassóis. Parece uma das manhãs da criação, tão grande a vibração da vida nos seres mais simples...
read moreDevil or Angel ?
DEVIL OR ANGEL? Acordo agora, às onze horas da manhã, fodido. Ainda estou com o gosto da cerveja de ontem na boca e lá fora chove desgraçadamente. Coloco um antigo CD do "Mamas & The Papas" e aperto o power do amplificador. Os leds iluminam a manhã. Dedicated to...
read moreA Surpresa de Alex
A SURPRESA DE ALEX A próxima surpresa da noite ficou por conta de Alex. Surpreendendo a todos ele tirou uma carta do bolso, colocou sobre a mesa, e se apresentou como o próximo a falar. “De onde você tirou essa carta?”, perguntou Paula surpresa. “Caiu do bolso do...
read moreQuase Imagem
QUASE IMAGEM “O público e os empresários adoraram o evento, Roberta, eu senti.” “O seu problema é que você delira o tempo todo.” “E você?” pergunta Thomas ansiosamente, apesar de já imaginar a opinião dela. “Gostou?” “Uma merda.” “Você não concorda, pelo menos, que eu...
read moreImagem
IMAGEM O apartamento em que Roberta mora, na Vila Madalena, surpreende Thomas. Decorado com móveis antigos e uma infinidade de objetos em cobre, lembra os cenários que David Hamilton usava para fotografar as suas primeiras ninfetas. O living imenso, com mais de dez...
read moreResposta
RESPOSTA Já pensei, Roberta, mas não estou de acordo, como pode perceber. Você é uma mulher maravilhosa, por isso não pode ficar de fora desta paranoia toda, principalmente agora. Não me queira mal. Mais para a frente você vai entender, principalmente no final do...
read moreArquivos Desaparecidos
ARQUIVOS DESAPARECIDOS Joana aproveita a deixa de Roberta e tira a carta seguinte. “Thomas vai ao encontro de Marcela em seu apartamento. Ela está preocupada com um texto que havia lido, cuja cena se passava em um lugar onde havia um cemitério de automóveis. Era...
read moreCorpo de Marcela 2
CORPO DE MARCELA Ainda no elevador Thomas liga para Marcela, mas ninguém atende. Na dúvida, vai para sua casa. Algum tempo depois do episódio meio surrealista do motel um dia eles finalmente se entenderam. Ela saiu de casa, separou-se do namorado, e os dois...
read morePromessa Cumprida
PROMESSA CUMPRIDA Coloco você na história conforme prometi, Marcela, e agora em definitivo. Promessa cumprida, apesar de saber desde já que me arrependerei. A paixão que sinto por você elimina o distanciamento que eu precisaria para colocar na rede a doidice do...
read moreOs Olhos de Marcela
OS OLHOS DE MARCELA A primeira coisa que enxerguei na classe, no primeiro dia de aula, foram os olhos e os peitos pequenos da Marcela. Eu havia decidido reativar o francês para aproveitar melhor uma viagem que faria a Paris, e logo no primeiro dia, depois de uma...
read moreSem Mistério Algum
SEM MISTÉRIO ALGUM No sábado em que marquei as primeiras fotos com a Marcela o dia surgiu triste e cinzento, e quando comecei a tirar o carro da garagem começou a chover. Com uma desculpa estúpida qualquer saí de casa dizendo a Joana que iria voltar apenas no fim da...
read moreVivendo em Mundos…
VIVENDO EM MUNDOS PARALELOS Paula tira a próxima carta. “Thomas se questiona sobre o que está escrevendo e sobre o como está escrevendo. Em linha reta, do começo para o fim, afinal tudo tem que ter um começo e um fim. Mas existe mesmo um começo e um fim? Ou somos...
read moreEm Linha Reta
EM LINHA RETA Mal começo a colocar Tristessa na rede e percebo a tentação de narrar a minha história cronologicamente, em linha reta, do começo para o fim, o que não faz sentido porque em nossa cabeça o tempo não se organiza dessa forma. Estamos sempre procurando a...
read moreMomento
MOMENTO Era hora de olhos dormindo, Joana, e os nossos lábios se abriram para o beijo, era hora de mãos se despedindo, e os nossos corpos se procuraram para o encontro. A seda que acariciava o corpo se desprendeu e a lua desenhou na parede o contorno dos nossos...
read moreTeu Corpo Prometido…
TEU CORPO PROMETIDO AO MEU Mesmo em um tempo muito anterior à tua chegada, quando havia apenas um corpo prometido ao meu, em algum canto eu já sabia você à minha espera. Nos teus lábios eu sabia a palavra que me reconstituiria de tantas mortes passadas, nas tuas...
read moreCom os Bolsos Vazios
COM OS BOLSOS VAZIOS Para onde terá fugido a minha alma nesta manhã cheia de sol e ausência? Certamente para uma solidão dos campos sem fim, em busca da tua, em algum canto onde as flores estejam crescendo, e se elas se encontraram devem estar se amando sobre a...
read moreNua e Orgulhosa…
NUA E ORGULHOSA COMO MULHER QUE... Deixe que se desprenda agora a seda que te acaricia o corpo, Joana, e vem nua para mim, nua e orgulhosa, como mulher que já se sabe desejada. Vem nua para mim, sem pudor, e esfrega os teus seios em minha boca, gruda o teu corpo...
read moreCorpos Perplexos
CORPOS PERPLEXOS Num ponto qualquer da viagem os nossos corpos pareceram perder todo o mistério e a minha boca parou bruscamente em teu sexo. Toda uma história se perdeu naquela não chegada e tudo que havíamos vivido se perdeu na confusão dos nossos corpos...
read moreBrincando em Praias…
BRINCANDO EM PRAIAS DISTANTES Quando naquela tarde vi a tua imagem refletida no espelho, sabia que apenas estava sendo adiada a loucura do nosso reencontro. Quando à noite as nossas carnes se tocaram novamente, após tanto tempo, foi como se estivéssemos nos amando...
read moreOs Ponteiros
OS PONTEIROS Quando na tua meia-noite os ponteiros se beijarem, Joana, lembre-se da alegria daqueles dias. Esqueça as palavras que sempre fazem morrer os sonhos e as mãos sem sentido que sempre apontam o fim dos caminhos. Lembre apenas as manhãs que nasceram entre as...
read moreBolero de Ravel
BOLERO DE RAVEL Depois de assistir a uma cansativa e apocalíptica palestra de um fotógrafo alemão que discursava sobre o fim da fotografia analógica, saí do Museu da Imagem e do Som sob um verdadeiro dilúvio. Debaixo de relâmpagos, ventos e trovões, subi a Rua Augusta...
read moreJanelas
JANELAS Fechadas as portas e janelas da nossa casa, atravesso agora a moldura, como os outros. Do outro lado, frenéticos, as suas caras refletem em vitrais barrocos. Penetro a grande festa pelos lados, como quem entra em um cenário. E o meu cenário é cada vez mais o...
read moreZen, Tranquila e …
ZEN, TRANQUILA E COERENTE Apesar do peso sobre a discussão gerada pelo assunto anterior, Fernanda tira a próxima carta. “Tomara que este assunto seja mais leve”. “Thomas encontra Fernanda um pouco antes das seis da manhã no Café da Natasha. Ela entrega a ele um...
read moreNatasha´s Internet…
NATASHA´S INTERNET SMARTDRUGS CAFE Um pouco antes das seis chego no Internet Café de Natasha. O ambiente é high-tech, decorado em tons escuros. Cores azul metálicas se misturam com escalas de cinza, tudo mais ou menos nos tons e design usados nos browsers da moda....
read moreAugusta
AUGUSTA Fernanda existiu em Thomas desde a infância, e de uma maneira mais intensa a partir da adolescência, quando uma noite se encontraram em um casarão na Serra da Cantareira. Naqueles dias a cena final da praia não estava sequer prometida, o vulto de azul que...
read moreEnsaio
ENSAIO Sábado pela manhã, às dez horas em ponto, ele já está na porta do apartamento de Fernanda. Ela abre a porta ainda de pijama, bocejando. “Você chegou cedo.” “Desculpe-me, não sabia que você iria dormir até tarde.” “Tudo bem, entre, vou dar um jeito na minha...
read moreRealidade e Fantasia
REALIDADE E FANTASIA Em uma tarde triste do último outono algumas centenas de slides são queimados, todos da mulher amada, que partiu sem data marcada para regresso. De repente, sem qualquer explicação, ela novamente, agora num quarto escuro, sem portas e sem...
read moreRoberta Tira a Sua Carta
ROBERTA TIRA A SUA CARTA Apenas Roberta e Fred não tinham tirado nenhuma carta ainda e ela se apresenta, mas antes dá uma embaralhada para provocar. “Quando Thomas desembarca em Veneza abre o envelope que Fernanda havia lhe dado em São Paulo e tem a grata surpresa...
read moreExposicione Fotografica
EXPOSIZIONE FOTOGRAFICA DI THOMAS G. MARASCO Em lugares como Veneza uma exposição fotográfica não é necessariamente um encontro de arte, mas de turistas, assim como a própria cidade, apesar da mais pura arte que se encontra em todos os cantos. Na maioria das vezes...
read moreUma Advertência e ….
UMA ADVERTÊNCIA E UM AVISO DE MORTE As gôndolas descem agora o Gran Canale, rumo ao poente. O pôr-do-sol é uma advertência e um aviso de morte que nunca enxergamos. Somos sempre felizes no último lugar onde estivemos, ou no próximo para onde vamos – só agora percebo...
read moreO Determinismo do…
O DETERMINISMO DO DESENCONTRO Um mês após o ensaio, sem notícias de Fernanda, Thomas não aguenta e vai ao apartamento dela, com os cromos debaixo do braço. “Não mora mais aqui, não senhor. Mudou-se para o estrangeiro”, disse o zelador. Thomas sempre acreditou mais...
read moreDespedida
DESPEDIDA Depois do ensaio fotográfico Fernanda sumiu, e os dois apenas se encontraram novamente após alguns anos, e novamente cresceu entre eles uma atração muito forte, uma afinidade muito grande, como da primeira vez. Quase todas as noites ele ia esperá-la na...
read moreA Carta do Passenger
A CARTA DO PASSENGER Sabendo que só eu não tinha tirado ainda nenhuma carta, apesar de ter estado muito atento a tudo durante todo o tempo, resolvi também dar uma embaralhada antes de escolher. “Thomas chega a Paris e antes de ir para a casa de Fernanda decide fazer...
read moreTristessa
TRISTESSA Na primeira vez que estive em Paris foram muitas semanas de trabalho. Eu precisava mostrar que a Paris dos anos 20 havia sido a maior badalação intelectual de todos os tempos e os caminhos para restaurar a cidade da “geração perdida” eram muitos. Diversos...
read moreNo Deck, a Céu Aberto
NO DECK, A CÉU ABERTO Com o passar da noite o calor aumentou e subimos todos para o deck, num ambiente a céu aberto. O barulho das ondas quebrando na praia, o céu forrado de estrelas, e uma batida tecno chegando dos quiosques, passaram a configurar o novo ambiente....
read moreMáscaras
MÁSCARAS Um pouco antes das nove deixo o Closerie e parto para o estúdio-apartamento de Fernanda. Quando dou por mim estou em uma espécie de sótão, imenso, com uma bela vista para os telhados tristes e cinzentos de Paris. Boulevard Saint-Germain, perto dos Jardins du...
read moreA Ficção Apenas …
A FICÇÃO APENAS NÃO BASTA Depois de Roberta perder a sua vez, tirei outra carta. Fernanda está a meu lado, bate os olhos no texto e pede ao Alex para buscar vinho. “Thomas e Fernanda encontram Alex em um bar em Paris, ela usa uma forte maquiagem e se faz passar por...
read morePuto, Traído e …
PUTO, TRAÍDO E CORNEADO O lugar que combinamos nos encontrar não ficava muito perto e tomamos um taxi. O bar, imortalizado por alguns pintores menos conhecidos do início do século vinte, não passa agora de um boteco que vive das glórias do passado. Quando entramos...
read morePlasmado no Eco …
PLASMADO NO ECO DOS SEUS PASSOS É tarde. As luzes de Paris adormecem nos braços da neblina. A última virgem deixou a Place du Tertre, desceu as escadarias do Sacré-Coeur e eu fiquei plasmado apenas no eco dos seus passos. Faltam menos de duas semanas para o ano 2000...
read moreApenas Algumas Coisas
APENAS ALGUMAS COISAS ACONTECERAM Joana se adiantou para tirar a próxima carta. Leu antes o texto, em silêncio, depois balançou a cabeça num gesto que poderia significar qualquer coisa. “Thomas e Fernanda saem caminhando pela noite de Paris e cruzam com uma...
read moreProcissão de Anjos …
PROCISSÃO DE ANJOS E DEMÔNIOS Saímos caminhando pela Rue du Faubourg Montmartre e subimos em direção ao Sacré-Coeur. “Aonde vamos?” pergunto. “Para o meu apartamento, mas antes vamos caminhar um pouco pela noite.” Logo estamos diante da sagrada basílica do...
read moreImagens Quase Vivas
IMAGENS QUASE VIVAS Esses fatos tão reais, apesar de tão absurdos, ainda estão completamente vivos diante dos meus olhos e me fazem sonhar na solidão deste quarto branco, observado por ventiladores. Não sei há quanto tempo estou aqui, perdi a noção das horas e dos...
read moreIdéia de Morte
IDEIA DE MORTE Agora que o enterro se foi a noite ficou mais escura e as pessoas sumiram todas das ruas. Quando o último personagem desaparece do nosso alcance visual já estamos no Boulevard des Italiens, em frente ao Café de La Paix. Uma neve muito fina começa a...
read moreCommuniquée, …
COMMUNIQUÉE, COMMUNICATIONS, COMMUNICATIO Olho todo o texto, tudo o que escrevi até agora – numa espécie de revisão final. Não com os olhos nas linhas, nos parágrafos, mas em todas as imagens de uma só vez para ver o que falta, o que ficou para trás, o que não foi...
read moreFim da Noite, Névoa …
FIM DE NOITE, NÉVOA DA MANHÃ O horizonte já começava a ensaiar a claridade do dia que estava por nascer, e começou a baixar um nevoeiro, comum no verão de Porto Piano. Às vezes ele acontecia no fim do dia, pouco antes do anoitecer, às vezes no fim da madrugada,...
read moreInvadindo o Nosso …
INVADINDO O NOSSO TEMPO Retornamos cansados ao apartamento de Fernanda. Durante algum tempo permanecemos apenas deitados no chão, tentando recuperar os nossos corpos ainda molhados, misturados com terra e folhas. Lá fora a neve começa a cair novamente e pela janela...
read moreOs Olhos em Chamas
OS OLHOS EM CHAMAS Enquanto espero por Roberta no Great Balls me ocorre a frase de um livro cujo nome não me vem à lembrança: “Sofre-se muito para matar um gato, soubesse-o antes e não teria começado. Os olhos foram os primeiros a ficar em chamas”. Só que em meu...
read moreVerão de 2012
VERÃO DE 2012 Paula e eu caminhávamos pela areia de Porto Piano nas primeiras horas da manhã. Ela havia me dito, quando acordou, que precisava embriagar-se de azul. Preparava-se para o encontro logo mais à tarde e precisava esvaziar a mente, dizia que só conseguia...
read moreIncorpóreo
INCORPÓREO A última imagem que ficou para trás em Paris foi a de Fernanda, desvanecendo-se em um sorriso cheio de paz. Seis horas da manhã agora. Os sinos da igreja tangem roucos, e o seu repicar viaja pela avenida. Parece a última manhã da vida. A avenida da praia...
read moreQuem Viu Thomas …
QUEM VIU THOMAS PELA ÚLTIMA VEZ? Na primeira versão, contada por Alex, parecia ter sido ele o último a encontrar Thomas, em Paris, no dia seguinte à partida. O encontro foi em um local combinado, um bar na Place du Tertre, e ele estava acompanhado de uma mulher que...
read moreVultos na Contraluz
VULTOS NA CONTRALUZ Grito desesperado quando penso ter chegado ao lugar onde nasci, mas o que eu via era um grande galpão de ferro velho, um imenso cemitério de automóveis, estava tudo diferente. Houve um tempo, antes de Paris, e eu começava a lembrar, em que as...
read moreVento Sudoeste
VENTO SUDOESTE Mais calada do que de costume, Paula estava mais atenta aos efeitos do vento sudoeste, que já começava alterar a rotina da praia, do que à conversa do grupo. Ao longe alguns pescadores olhavam para o mar, recolhiam as redes e cobriam os barcos com...
read moreNigger Bay
NIGGER BAY A manhã estava maravilhosa. O sol já havia se levantado, saído de trás das montanhas e dourava a água agitada de Nigger Bay quando atravessei a ponte e alcancei o outro lado. Conforme o prometido, de longe os avisto. Lá estão Joana, Marcela e as crianças,...
read moreLa Nebia Dell´Estate
LA NEBBIA DELL´ESTATE Com o começo do final da tarde o vento sudoeste começou a ir embora lentamente, sem deixar estragos, e uma pequena névoa de verão começou a baixar na região. Como o vento, ela poderia tanto se tornar espessa, com visibilidade mínima, como podia...
read moreO Corpóreo e o Virtual
O CORPÓREO E O VIRTUAL O vulto de azul que vinha caminhando ao lado dos dormentes da via férrea estava agora mais perto, e começava a se delinear a figura de uma mulher elegantemente vestida, roupas esvoaçantes ao vento, e andando lentamente em nossa direção. Joana...
read moreNévoa e Sonho
NÉVOA E SONHO A névoa cobria toda a faixa de areia e formava um arco mais denso no lado do oceano, como um arco-íris sem cor em um cenário surreal, indefinido, quase opaco. Olhando para cima, parecíamos todos cobertos por um imenso branco descido do céu, e as luzes...
read moreApenas Vultos
APENAS VULTOS Quando Fernanda chega traz com ela uma névoa que começa lentamente a ocupar os espaços entre as pessoas, envolvendo seus corpos de forma silenciosa e suave. “Meu nome é Fernanda, fui modelo e fotógrafa em Paris. O meu último trabalho foi a de uma...
read moreColoco os Óculos …
COLOCO OS ÓCULOS ESCUROS E VEJO A MANHÃ VERDE A madrugada se foi, o sol caiu sobre mim, e sou obrigado agora a mostrar ao dia as minhas mãos vazias. Recolho os trapos do que esta noite fui e queimo-os, dispo os retalhos do meu corpo cansado e atiro-os ao mar. Coloco...
read moreAdolescência
ADOLESCÊNCIA Hoje tenho certeza que Thomas G. Marasco deveria ter adivinhado Fernanda desde o começo daquele verão. Ela desceu desfilando por aquela escadaria de mármore e as sombras dos pilares varavam o seu corpo refletido nas nuvens projetadas por todas as...
read moreO Futuro
OFUTURO O que é isso no rosto, Fernanda, você se machucou? Zangada, ela não respondeu a Thomas. Deu as costas para os dois e continuou brincando com a maquiagem, olhando para o futuro, feliz. Sobre uma mesa de madeira antiga estava o livro “A Ponte Prateada”, que...
read moreTodo o Vômito …
TODO O VÔMITO DO MUNDO Em uma daquelas noites quentes e enluaradas do verão de 1991, eu e Alex, depois de muita conversa e muito uísque, vomitamos na imensa banheira que tinha em minha casa, imensa o suficiente para receber todo o vômito do mundo. A noite estava...
read moreMassa Decomposta, …
Depois de tantas partidas e chegadas, parece que o tempo parou por um século em nossos corpos e fez com que envelhecêssemos milhares de anos. Os últimos instantes da madrugada já se escoam pela ampulheta cansada desta noite mágica, mas de repente é como se o escuro...
read moreRoberta Ferrari
ROBERTA FERRARI Meu nome é Roberta Ferrari, sou graduada em Jornalismo e Ciências Sociais e num passado não muito remoto andei obcecada por tudo que dissesse respeito à sociologia da arte. Hoje ainda me interessa qualquer debate sobre a função social da arte embora...
read morePassenger
PASSENGER Meu nome é Frederico Bergamasco, sou jornalista e tive a Wired como revista de cabeceira em meu último ano de faculdade. Acabei optando muito cedo por uma vida profissional na Web e meu projeto inicial foi um livro e uma revista online sobre comportamento....
read morePaula Davis
Paula Davis Meu nome é Paula Davis. Não, o sobrenome não tem nada a ver com a Copa Davis de Tênis e nem com o jazz maravilhoso de Miles Davis. Meus pais nasceram na Letônia e me disseram que a origem do sobrenome é bíblica, vem do nome hebráico "David", que pode ser...
read moreAlex Nabuco
Alexandre Nabuco Meu nome? Alexandre Nabuco. Meus amigos me chamam Alex. Sou formado em Engenharia Mecânica, mas me viro como jornalista, com uma passagem pelo teatro. Da universidade saí direto para o teatro. Comecei como autor e diretor de uma peça chamada "Os...
read moreJoana F. Marasco
JOANA F. MARASCO Meu nome é Joana F. Marasco. O sobrenome é o de um casamento que acabou. A minha meta era seguir uma carreira jurídica, mas no último ano desisti da profissão depois de um ano desperdiçado em inútil estágio em um escritório especializado em Direitos...
read moreThomas G. Marasco
Thomas G. Marasco Foram diversos os cursos incompletos que fiz sem convicção alguma, geralmente motivados pela curiosidade passageira sobre algo ou alguém que surge em minha vida. Mas sempre houve em mim o fascínio pela grande catarse, pelo grande orgasmo coletivo em...
read moreMarcela Lanson
MARCELA LANSON Meu namorado Thomas estava escrevendo um livro de ficção online e prometeu que eu faria parte dele. Um dia ele cumpriu o prometido: passei a fazer parte da história e comecei a interagir com os personagens e leitores. Na época em que isso aconteceu ele...
read moreFernanda Damiani
FERNANDA DAMIANI Nome de batismo: Fernanda Damiani. Mulher enclausurada em um estúdio fotográfico em Paris: Eu. Olhos: verdes como o sonho. Cabelos: negros como a noite mais profunda. Apesar de eu gostar do bordão “bonita, fiel, carinhosa e puta”, algo me diz que não...
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